ONG quer levar Bento 16 ao TPI (Tribunal Penal Internacional) por fazer vista grossa a "crimes contra a humanidade".
Uma associação de vítimas de pedofilia por parte de sacerdotes católicos pediu nesta quarta-feira (14), em Berlim, que o arcebispado da capital alemã envie os registros em sua posse ao TPI (Tribunal Penal Internacional) para processar o papa.
A investida começou nesta terça-feira (13), quando a Snap (associação fundada nos Estados Unidos) deu um golpe de efeito midiático ao apresentar uma acusação “por crimes contra a humanidade” ao TPI, uma ação essencialmente simbólica.
Segundo os especialistas, esta diligência – que não corresponde a um processo, mas a uma “comunicação” – não tem nenhuma chance de chegar ao seu objetivo.
Depois, nesta quarta, faltando apenas oito dias para uma visita de Bento 16 a Berlim, durante uma coletiva de imprensa realizada atrás da catedral de Santa Edwiges, no centro da capital alemã, a Snap pediu que o arcebispado entregue seus registros ao TPI para dar início a um processo contra o papa.
Eles acusam Bento 16 de ter feito vista grossa para casos de abuso sexual de crianças quando era arcebispo em Munique, no sul da Alemanha.
A Snap prepara uma manifestação junto com outras associações durante a visita de Bento XVI à Alemanha, entre os dias 22 e 25 de setembro.
Já o procurador do TPI só pode iniciar uma investigação contra o papa a pedido de um Estado que tenha ratificado o Estatuto de Roma (que fundou o TPI), do Conselho de Segurança das Nações Unidas ou por iniciativa própria. Ele não investiga as pessoas, mas sim os crimes.
Wilfried Fessellman, membro da Snap e vítima de um padre pedófilo quando tinha 11 anos, acusa o papa de ter deixado as crianças “indefesas” contra os abusos cometidos por membros da igreja. Ele afirma ter enviado cartas ao Papa em várias ocasiões, e pediu para ser recebido por ele durante sua visita a Berlim.
- Na época, o arcebispo [Joseph] Ratzinger [nome de batismo de Bento 16] deixou indefesas, em Munique, crianças como eu nas mãos de criminosos, como o padre Peter H. É grave. Espero que o Papa compreenda que deve mudar sua política para proteger as crianças
“A Snap quer conseguir que nenhuma criança sequer seja vítima de abusos sexuais ou de estupros cometidos por um padre”, disse a presidente da associação, Barbara Blaine, ao mesmo tempo em que mostrava fotos das vítimas.
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